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A poda da videira na região dos vinhos verdes (divulgação da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes)

2018-01-16


A necessidade da operação poda, reside na capacidade de frutificação da videira contida em olhos de rebentações novas, isto é, nascidos todos os anos, e que em função das condições de desenvolvimento anual, se diferenciam em gomos frutíferos em maior ou menor número.

 

Dado que a fertilidade de uma vara até certa medida é função do seu vigor, determinado pelo solo e casta, a intensidade de poda a praticar, isto é, o número de olhos deixados à poda depende assim essencialmente do vigor expresso levando a atribuir mais ou menos carga. É deste equilíbrio que se obtém uma produção regular, mantendo varas vigorosas e férteis na videira e garantindo-lhe maior longevidade.

 

Uma carga exageradamente alta, proporcionará uma produção abundante mas sem qualidade e um enfraquecimento generalizado da videira que a levará a um precoce envelhecimento. Por outro lado, uma carga demasiado baixa originará uma fraca produção, quer pelo excesso de rebentações de olhos dormentes inférteis (ramos ladrões) e de rebentações múltiplas, quer pelo excesso de vigor das varas de fruto, que pode vir a provocar desavinho e ensombramento da vegetação em geral.

 

Diversos estudos sobre cargas à poda, revelam que globalmente aumentos de carga provocam aumentos de rendimento, contudo, podem levar a uma diminuição da fertilidade dos olhos, do vigor (expresso em peso de lenha de poda) e do teor médio em álcool provável. Interessa fundamentalmente saber para cada situação (casta, sistema de condução) até onde se pode aumentar a carga sem afetar negativamente o equilíbrio vigor e qualidade dos mostos.

 

Em resultados obtidos na EVAG para duas castas brancas em cordões simples, a aplicação de dois níveis de carga (50.000 e 75.000 olhos/ha) revelou maior capacidade de resposta da casta Arinto ao aumento de carga do que do Loureiro, provavelmente pela maior produtividade desta casta. Assim, não é recomendável para a casta Loureiro conduzida em cordões simples exceder os 50 000 olhos/ha, enquanto na casta Arinto poder-se-á exceder este valor.

 

Outro aspeto importante é a distribuição da carga ao longo da cepa, e consequentemente dos futuros sarmentos. No sentido de ter sebes bem arejadas, não são aconselháveis mais de 15 sarmentos por metro linear de cordão.

 

A poda, para além de regularizar a produção e o vigor da videira, limita a sua expansão, confinando-a a um espaço compatível com o sistema cultural e retarda o seu envelhecimento.

 

 

Época de Poda

 

A época normal da poda realiza-se durante o período de repouso vegetativo após a queda da folha, e uma vez canalizadas as últimas reservas ativas das folhas da videira para as varas, tronco e raízes.

 

Desde o Verão até à Primavera seguinte, os olhos passam por várias fases de dormência, influenciando a época da poda e o início da rebentação, uma vez que, na fase de pós-dormência, os olhos já retomaram a capacidade de abrolhar (após os primeiros frios do Outono), dependendo o fenómeno apenas das condições climáticas.

 

As podas precoces vão desencadear processos de rebentações precoces, que ficam sujeitas à ação de geadas tardias, frequentes em alguns locais da região.

 

O período de tempo para a realização da poda, praticamente 3 meses, torna-se escasso para quem possui áreas de vinha importantes, e mais escasso ainda quando as condições climatéricas não permitem bons rendimentos com esta operação cultural; por outro lado, não é aconselhável podar durante períodos de fortes geadas, pois os sarmentos estão quebradiços e expõem-se os tecidos das superfícies de corte ao frio.

 

É importante aplicar o conhecimento sobre a precocidade das castas no abrolhamento, devendo-se iniciar a poda pelas castas mais tardias (caso da casta tinta Vinhão e da casta branca Trajadura). Para minimizar a ação das geadas tardias, a poda pode fazer-se em duas fases, designada por “poda a 2 tempos”,  em que numa pré-poda a videira é podada “por alto” e mais tarde, é acertada a carga para os níveis pretendidos.

 

Conselhos de ordem cultural

  • uso de material são, não reservando varas contaminadas para novas enxertias 
  • podar as videiras doentes, na fase final da poda
  • uso de tesouras de poda desinfetadas
  • evitar grandes feridas de poda, adotando tipos de poda menos severos
  • proteger as feridas com pastas fungicidas eficazes
  • queimar videiras mortas, tecidos doentes e lenha com mais de dois anos

 

Cuidados de ordem sanitária

 

Na operação poda, o podador tem de estar atento ao estado sanitário das videiras, pois os instrumentos usados (tesouras, serrotes, etc) são veículo próprio de transmissão de algumas doenças e pragas, e particularmente das conhecidas “doenças do lenho”.

 

A facilidade de propagação de doenças por entrada nas feridas de poda, é mais grave nos cortes de lenha de dois ou mais anos, pois são maiores. Outro modo de propagação surge pela não destruição de varedo doente que se deixa permanecer na vinha, onde formas hibernantes são facilmente transportadas pelo vento. Entre essas doenças, e por ordem de importância no país, destacam-se a Escoriose, a Esca e a Eutipiose (fungo precursor do sindroma da esca). Mais recentemente, a doença da Flavescência Dourada tem crescido na região, pelo que a destruição da lenha de poda assume maior importância.

 

No Inverno, a Escoriose está na base das varas sob a forma de picnídios (pontuações negras) e nos olhos basais protegidos pelas escamas sob a forma de micélio. Daí a importância de não fazer podas muito curtas em videiras infectadas, na medida em que só se favoreceria a rebentação de olhos basais infectados.

 

Quanto à Esca, considerada doença de videiras mais velhas, hoje ocorre com frequência em videiras jovens, com 1 a 3 anos de enxertia, provocando a sua morte prematuramente. Tanto se apresenta numa forma lenta, tornando-se a circulação da seiva deficiente e o aparecimento dos sintomas típicos nas folhas por libertação de toxinas por parte dos fungos, quer numa forma rápida, apoplética, com a morte de videiras ou ramos, com uma sintomatologia que se confunde com a da podridão radicular.

 

Também a Necrose Bacteriana pode entrar por feridas de poda ou por contaminação direta dos olhos que recebem os choros resultantes das feridas de poda.

 

Outra preocupação, embora de ação mais limitada, é a Cochonilha Algodão, presente nos sarmentos que à poda devem ser eliminados, assim como se deve proceder à raspagem dos troncos, pois as formas hibernantes como ninfas ou fêmeas adultas escolhem também como abrigo a casca dos troncos.

 

De modo semelhante, os Ácaros Tetraniquídeos hibernam sob a forma de ovos sob o ritidoma dos troncos, nas varas em redor dos gomos, nas cicatrizes foliares e na base dos talões ou “polegares”, pelo que a lenha de poda deve ser igualmente destruída.

 

Poda de produção (ou frutificação)

Uma vez formada a videira e portanto assegurada a estrutura perene, com um ou mais braços, tem lugar a poda de frutificação deixada sobre as varas nascidas no ano anterior.

Na vara nem todos os olhos têm a capacidade de produzirem uvas, sendo normalmente os do terço médio os mais frutíferos; todavia, esta fertilidade é variável conforme a casta pelo que é importante conhecer os hábitos de frutificação das castas, dependendo deles a intensidade de poda praticada.

 

 

Tipos de Poda

 

As varas ao serem podadas mais ou menos compridas, ficam com mais ou menos gomos, definindo três tipos de poda: poda curta, poda longa e poda mista.

 

Poda curta

A poda é curta, quando as varas são podadas a 2 ou 3 olhos francos, tomando nomes diversos como talões, polegares, talicões, tornos, entre outros.

Nesta região sempre se consideraram as podas curtas desajustadas ao vigor das castas regionais, bem como às condições climáticas que contribuem para uma certa exuberância vegetativa. Todavia, ensaios de podas curtas em castas regionais têm revelado algumas vantagens - sem perdas significativas de produção - ao definirem zonas de produção mais concentradas facilitando as intervenções em verde, os tratamentos fitossanitários e ainda a poda do ano seguinte; trata-se do tipo de poda mais praticado quando se utiliza a poda mecânica.

 

Poda longa

A poda é longa, quando pelo menos ficam com 4 olhos, designando-se por varas.

Neste tipo de poda há dois aspetos importantes a considerar, a orientação das varas e se ficam livres ou não. Não faz sentido deixar varas compridas ascendentes sem recorrer também a talões (poda mista), caso contrário ao rebentarem preferencialmente nos últimos olhos obriga no ano seguinte a assentar a poda em varas muito afastadas do eixo principal do cordão.

 

Poda mista

A poda mista, quando se deixam varas e talões na mesma videira, é a mais vulgar nesta região, quer em sistemas de condução tradicionais como a ramada quer nos mais recentes como os cordões; os talões têm uma função renovadora garantindo varas de qualidade para assentar a poda do ano seguinte, enquanto as varas se destinam à produção do ano explorando os olhos mais frutíferos ao longo da vara.

 

 

Sistemas de Poda

 

Poda de vara e talão

É provavelmente o sistema mais vulgarizado, aplicado inicialmente às cruzetas e posteriormente a diversos tipos de cordões; consiste em deixar varas de 4-5 olhos intervaladas com talões de renovação. Predominam as varas direcionadas no sentido ascendente, mesmo nos sistemas de sebes totalmente retombantes (Cruzeta, CSR, CSOB), dado que os pâmpanos oriundos das varas, pelo seu próprio peso, são naturalmente empados para baixo; este procedimento justifica-se pela melhor qualidade das varas que crescem no sentido ascendente.

Todavia há casos em que as varas nas formas retombantes, devem ser mais compridas (superior a 5 olhos), nomeadamente, na casta Loureiro dada a sua sensibilidade à desnoca; em castas vigorosas como o Avesso; em castas de frutificação baixa como o Arinto ou ainda em castas onde a frutificação assenta no terço médio da vara como o Padeiro.

Na tentativa de criar mais espaços ("buracos") na vegetação, deve-se deixar sempre que possível o talão junto da vara, que é aliás o princípio da poda Guyot, e não o talão alternado com a vara.

 

Poda sylvoz

É uma poda longa que assenta em varas compridas e arqueadas, isto é, empadas sobre um arame inferior ao nível do cordão, e perpendicularmente ao sentido do arame. A mesma vara funciona como vara de frutificação e como vara de renovação, pois a empa faz dos olhos basais a função dos talões.

Com a continuidade dos anos tende a alongar-se a unidade de frutificação, pelo que se deve renovar a poda em talões propriamente ditos ou em ramos ladrões junto à base da unidade. Este sistema de poda é recomendado para formas de condução em que há divisão da sebe no sentido ascendente e retombante.

 

Poda guyot

É uma poda mista típica de condução de vinha baixa e exclusivamente ascendente, e tal como é preconizada na forma simples - um talão de 2 olhos e uma vara longa de 5 a 8 olhos - não se coaduna com o afastamento normal entre videiras desta região (1,25 m - 2,50 m) e assim com as cargas praticadas (25-35 olhos/videira). Todavia, se a vara em vez de ser estendida sobre o arame (Guyot simples), for empada fazendo um arco no mesmo sentido do arame (Guyot arqueado), e o sistema for bilateral ou duplo, é adaptável desde que se aumente o intervalo entre videiras.

O Guyot simples é dos sistemas que reduz mais a expansão da videira, tendo de haver bom equilíbrio entre o vigor do talão e da vara, para que não haja respostas desequilibradas entre as duas unidades. Anualmente, de cada talão, forma-se nova vara da vara saída do olho superior, e talão da vara do olho inferior.

 

Poda cazenave

É uma poda mista formada por varas com 4-5 olhos, distanciados de 30 a 40cm e inclinadas cerca de 45º, para evitar a dominância da rebentação nos olhos terminais; há necessidade de também deixar talões para castas vigorosas que tenderão a rebentar preferencialmente nos olhos terminais.

As varas para se sujeitarem àquela inclinação têm de ser atadas a um arame superior o que não rentabiliza a operação poda.

Aplicável só para sebes ascendentes.

 

Poda royat

É uma poda curta que é formada apenas por talões de 2 a 3 olhos, distanciados de 15 a 18 cm, aplicável a castas férteis.

Uma vez estabelecido, a maior vantagem deste sistema reside na facilidade e rapidez de execução e por outro lado os cachos ficam bem expostos e acessíveis aos tratamentos. Aplicável só para sebes ascendentes.

Como inconveniente, é exigente na poda de formação que é também demorada, e é difícil de equilibrar a vegetação em todo o cordão (vigor diferenciado).

 

Podas do tipo Guyot Simples, Cazenave e Royat são aplicáveis a conduções exclusivamente ascendentes, que na região são apenas aconselháveis a situações de terrenos de meia encosta de fertilidade moderada a fraca.

 

 

Fonte:

CVRVV - Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes

http://viticultura.vinhoverde.pt/pt/cultura-intervencao-videira-poda

 

 


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